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TUDO COM ‘"P" NÃO PRESTA

Tenho um grande amigo na cidade. Alegre e comunicativo, está sempre sorrindo. Assim, não lhe faltam convites para uma reunião, um churrasco, uma balada. Aliás, festa é sua especialidade. Vive por aí, rodeado de pessoas, contando seus causos e anedotas. Aonde ele vai, em meio à conversa, vira e mexe, começa a recitar uma extensa lista de nomes, precedida por uma explicação: tudo que começa com a letra “p” não presta.

O ponto de partida nunca é o mesmo, mas é mais ou menos assim: pobreza, prisão, protesto, plantão, preguiça, pesadelo, pedágio. Padrasto, patrão, padre, pastor, polícia. E mais: poluição, pinga, pinguço, puta. A lista é dinâmica. Tem sempre uma palavra nova. Sempre coisa que não presta. Política, político, parente, penetra, PT. Ou então: promissória, pensão, problema, Palmeiras.

Ele fala numa rapidez incrível; a gente mal consegue acompanhar: praga, peste, pereba, pneumonia, pressa, periferia. O ponto é para respirar. Pederasta, pedinte, pessimista, palanque, pirraça, Porteirão, prefeito. Nunca havia parado para observar a quantidade de palavras iniciadas pela letra “p” que não presta: patife, picareta, puxa-saco, piranha, preto. Não me processem. Não sou eu quem está dizendo. É o meu amigo.

A relação parece interminável. Há realmente muita coisa ruim por aí, tudo com a letra “p”: pecado, pedofilia, palpite, pirraça, purgante, penico, pontapé, pescoção, Panamá. Ou ainda: poeira, pito, prova, parto, pelanca, pança, pindaíba, picumã, pochete, palavrão. Não acabou: pardal, pernilongo, pulga, percevejo, piolho. Peido, paquete, punheta, porra e outras pornografias que não posso pronunciar.

O mais interessante é que não há como contestar sua tese. Iniciadas com a letra “p”, as coisas ruins são infinitamente superiores às boas. Já tentei construir uma lista contrária, mas é impossível. Apenas uma palavra me vem à mente: paz. Há outras, eu sei. Poucas, no entanto. Só me resta admirar sua capacidade de observação e seu bom humor. Parabéns, Célio, com letra “P” maiúscula!

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