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Pacífico ou passivo?

Pacífico ou passivo?

 

PACÍFICO: Amigo da paz;  PACIFISTA: Sistema dos que apregoam a paz universal; PACIFICADOR: Que pacifica; PACIFICADO: Apaziguado. (Dicionário Silveira Bueno).

PASSIVO: Que sofre uma ação ou impressão: que não exerce ação: inerte; indiferente. PASSIVIDADE; Qualidade do que é passível, inércia. (Dicionário Silveira Bueno).

  Conforme podemos observar, ser PACÍFICO é totalmente diferente de ser PASSÍVEL, para um melhor entendimento, vamos tomar por base a vida de três homens, a saber:

  O primeiro deles JESUS (o Cristo), diz-se o Cristo tendo em vista que este não é sobrenome e sim uma qualidade, ou seja, Jesus foi um Cristo,  e o que é que significa Cristo? Redentor, vítima de algo desagradável, em linguajar popular, bode expiatório. Tornou-se comum agregar o nome Cristo ao de Jesus, ficando então mundialmente conhecido como Jesus Cristo. Ele foi vilipendiado, morreu crucificado, humilhado tendo todos os seus direitos civis desrespeitados. Em nenhum momento Ele tentou fugir ou mudar de rumo ou esqueceu sua missão, ao contrário, bateu de frente com todo o sistema político e religioso da sua época, diga-se de passagem, os principais responsáveis pela sua morte foram os religiosos, aos quais Ele chamou de hipócritas e raça de víboras. Um de seus seguidores, Judas, morreu enforcado, este pertencia a um grupo de pessoas que aguardavam um libertador, o qual seria um revolucionário. Jesus falava de reino e Judas entendeu que era um reino terrestre, quando o traiu, percebeu que o reino do qual tanto falava não era deste mundo. Judas aguardava a ordem de Jesus para pegarem as espadas e promover a tão esperada revolução armada, em prol da liberdade de seu povo, que decepção! Não restando-lhe  outra saída, suicidou-se. Diante da morte não retrocedeu, encarou a cruz, pois era pacificador e não passivo, se fosse passivo fatalmente faria um coluiu político e religioso e safava-se da morte.

  O segundo exemplo: Mohandas Karanchand (Mahatama) Gandhi, nascido na Índia, o líder pacifista da humanidade e principal personagem da independência desse país. Formado em direito em Londres, lutador pelos direitos dos hindus. Em 1914 inicia seu movimento, cujo principal método é a resistência passiva. Prega a não violência como forma de luta. Em 1922 declara uma greve contra o aumento de impostos, é detido e declara-se culpado e é condenado a seis anos de prisão. Em 1930 lidera marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé para protestar contra os impostos sobre o sal. O domínio colonial britânico durou mais de duzentos anos. Os indianos eram considerados cidadãos de segunda classe. Em 1930, Ghandhi viaja a Londres para pedir que a Inglaterra conceda a independência à Índia. Ao retornar é recebido por milhares de pessoas, ainda que nada de muito significativo tenha conseguido na viagem. Anuncia à multidão que pretende continuar com sua campanha para obrigar a Inglaterra a dar a independência à Índia. Os britânicos, outra vez o mandam para a prisão. Ghandhi foi um pacifista convicto, sempre pregou a não violência. Desejava que a paz reinasse ente os hindus e muçulmanos, entre indianos e ingleses e entre toda a humanidade. Mohandas Karamchand Gandhi, o conhecido Mahatma (a grande alma), foi pacífico, sem ser passivo, morreu em prol de seus ideais.

“A não violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete. Não violência não quer dizer renuncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta mais ativa e real que a própria Lei de Talião – mas em plano moral.” Ghandhi.

             O terceiro exemplo: Nelson Rolihlahla Mandela é um importante líder político da África do Sul, lutou contra o sistema do apartheid, que significa “vida separada”, o qual era o regime de segregação racial, que obrigava os negros a viverem separados, os brancos controlavam o poder, enquanto o restante da população não gozava de vários direitos políticos, sociais  econômicos e sociais  no país. Formado em direito, foi presidente da África do Sul entre os anos de 1994e 1999. Ainda estudante, começou sua luta contra o regime do apartheid. No ano de 1942, entrou efetivamente para a oposição, ingressando no Congresso Nacional Africano (movimento contra o apartheid).

Durante toda a década de 1950, foi um dos principais membros do movimento anti-apartheid. Participou da divulgação da “Carta da Liberdade”, em 1955, documento pelo qual defendiam um programa para o fim do regime segregacionista. Sempre defendeu a luta pacífica contra o apartheid.

Passou a buscar ajuda financeira internacional para financiar a luta. Porém, em 1964 foi julgado e condenado a prisão perpétua por planejar ações armadas. Permaneceu preso de 1964 a 1990. Nestes 26 anos, tornou-se o símbolo da luta anti-apartheid na África do Sul. Mesmo na prisão, conseguiu enviar cartas para organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação racial no país. Neste período de prisão, recebeu apoio de vários segmentos sociais e governos do mundo todo.

Com o aumento das pressões internacionais, o então presidente da África do Sul, Frederik de Klerk solicitou, em 11 de fevereiro de 1990, a libertação de Nelson Mandela e a retirada da ilegalidade do CNA (Congresso Nacional Africano). Em 1993, Nelson Mandela e o presidente Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços em acabar com a segregação racial na África do Sul. Em 1994, Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Governou o país até 1999, sendo responsável pelo fim do regime segregacionista no país e também pela reconciliação de grupos internos.   “Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação.”

 “Não há caminho fácil para a Liberdade.”

 “A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.”

“A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo.” Mandela.

               Vivemos em um país maravilhoso, muitíssimo rico em recursos naturais, com seus problemas, é claro, haja vista que problemas existem em todas as partes do mundo, porém, grande parte deles é culpa nossa, somos considerados um povo pacífico, na verdade, somos muito mais passivos do que pacíficos. Aceitamos a corrupção sem fazer nada, aceitamos o aumento da violência urbana sem fazer nada, aceitamos os aumentos de combustível ou qualquer outro sem fazer nada, aceitamos os aumentos de impostos e uma das maiores cargas tributárias do mundo sem fazer nada, enfim, aceitamos quase tudo e não fazemos quase nada, somos o povo do ”jeitinho” e não fazemos idéia da força que temos.

 

José Antônio Soares é 1º Tenente PM e Comandante do GPT. 

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