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Miguel Patrício -

E AGORA?

Pois é. E agora? O que fazer para arranjar uma namorada? Nos descaminhos desta pandemia do Coronavírus, eu fiquei meio perdido, confesso que realmente não sei como agir para atender aos anseios do meu coração. Na luta contra a disseminação da doença, estamos todos proibidos de sair, de nos reunir com os colegas, realizar uma festa ou algo assim. São medidas corretas de nossas autoridades em prol da saúde da população. Tudo bem, eu entendo, mas enquanto fico em casa, não tenho oportunidade de encontrar alguém para iniciar um romance. Viram como é trágica a minha situação?

Mesmo que eu pudesse dar umas voltas por aí, fazer um “ponto” numa praça, numa esquina, num boteco, teria que ser mascarado, e as outras pessoas também estariam usando máscaras. Então de nada adiantaria, pois uma eventual pretendente teria de ver o meu rosto, fazer uma análise do meu olhar, do meu sorriso; atributos que eu também iria observar em minha futura tampa de panela. Seria mesmo uma perda de tempo. Acrescente aí o provável perigo de se aproximar de alguém neste período e, depois de um abraço, um beijo ou de um simples toque de mãos, voltar para casa levando consigo, de carona, o tal do Corona. Está realmente complicado!

Antes da pandemia já era difícil procurar a minha cara-metade. Pra começar, nasci assim meio desprovido de beleza. Outras qualidades são importantes, mas como todos sabem as primeiras características observadas por alguém em busca de sua alma gêmea são os olhos claros, os cabelos ondulados, o corpo perfeito... coisas que eu não tenho. Além disso, a timidez sempre esteve ao meu lado quando uma oportunidade aparecia. Eu ficava enrolando, buscando coragem, e logo a moça cansava de esperar e partia pra outra. Agregado a tudo isso, juventude em mim é coisa do passado. O tempo implacável já modificou, e muito, as minhas feições... e para pior. A coisa está feia!

Aquele que tem uma companheira em casa neste tempo difícil está tranquilo. Além de não ter o problema de contaminação, não precisa temer o perigo de um chifre, pois a suposta dama infiel também não pode sair e, quem sabe, aprontar alguma. Eu, que não tenho alguém, me lasquei. A pandemia me encontrou sozinho e me trancou em casa. Se eu desrespeitasse a ordem e saísse em busca de alguém, numa balada qualquer, não iria adiantar, pois como previu Raul Seixas em uma de suas canções, esse alguém não estaria lá. E agora? Repito. O que fazer para arranjar uma namorada? Só me resta perguntar ao Google. Quem sabe ele tenha uma solução para o meu caso.

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