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Futebol de terceira

Futebol de terceira

 

Adeídes Rodrigues Pereira

 

Mesmo diante da minha insignificância perante alguns letrados ou catedráticos do futebol posso afirmar que foi preciso muito pouco tempo para levar o futebol profissional de Goiatuba do céu ao inferno.

Culpa de quem?

Creio que de todos nós. Graças à omissão que começou pelos dirigentes que geriram o futebol goiatubense ao longo dos anos 90 e 2000, passando inclusive pelos atuais. Após o título 92, o qual demandou um trabalho planejado de cinco anos, o futebol profissional na cidade entrou na era do ostracismo.

Após o título, parecia que tudo estava acabado e que a história não teria novas páginas. Daí, foi o verdadeiro caos. Dirigentes comercializando jogadores para “recuperar” valores investidos, sabe-se lá com que. Pois, o que se ouve de diversos empresários é que empresa A pagava um atleta, empresa B pagava dois e assim sucessivamente. Sem contar que as renda não eram medíocres como as atuais, onde se registra menos de 200 torcedores para assistir uma partida.

Conseguimos em menos de duas décadas, deixar de ser a equipe que disputou títulos goianos e alcançando a glória em 92, além de participar do Campeonato Brasileiro da Série B, o qual alguns grandes times brasileiros já foram campeões ou estão por lá para nos dividirmos em duas equipes que não conseguem nem ficar na segunda divisão do campeonato goiano.

É preciso repensar se temos mesmo condições ou não de mantermos uma equipe, digo, uma equipe no cenário profissional – particularmente creio que não. O futebol há muito tempo deixou de ser coisa para amador ou aventureiro. Virou produto de consumo internacional, demandando mais seriedade e investimentos que as prefeituras não suportam, e caso tentem suportar, vão desviar recursos de áreas mais importantes.

Não dá mais pra tampar o sol com a peneira e continuarmos todos omissos. É preciso acabar com os times do PDS e MDB. É preciso ter um time da cidade, caso contrário, chega.

Até quando a ignorância vai sobrepor à inteligência, a racionalidade? Até quando o dinheiro público vai ser gasto indiscriminadamente sem nenhum ponto positivo? Creio que é necessário e importante para o município utilizar-se do esporte para divulgar as potencialidades do município, mas do jeito que tem acontecido ao longo dos últimos anos, a mídia é negativa e por isso onera o erário público.

Quero aproveitar este momento em que as duas equipes profissionais de futebol da cidade dão vexame, uma não conseguindo nem se inscrever para a disputa da terceira divisão e outra não conseguiu nem se sustentar na recém conquistada segunda divisão para chamar a atenção sobre como é o esporte por aqui.

Pra se ver como o esporte não é levado a sério no município, basta visitar as escolas. Nenhuma quadra coberta, nenhum programa de iniciação esportiva, nenhum projeto que visa usar o esporte na formação de cidadãos, retirada de crianças, adolescentes e jovens do risco das drogas. Em Inaciolândia, cidade com pouco mais de 5.000 habitantes, todas as quadras são cobertas. Bons exemplos são pra serem seguidos.

O CEMEL, construído há 20 anos, só agora começa a se aproximar de seu real objetivo. Até bem pouco tempo atrás era ocioso e não tinha nenhum programa pedagógico e social.

É preciso que nossas lideranças, independente de sigla partidária reconheça a importância do esporte para formação psíquica e social de qualquer individuo. Também precisa reconhecer que é através dele que se encurta distancias inimagináveis entre o hoje e o amanhã.

Essas mesmas lideranças precisam valorizar a projeção que o esporte dá a uma cidade. Para se alcançar esse reconhecimento a cidade não precisa ser uma metrópole, basta ser ousada. Goiatuba quando ousou e não deixou interesses particulares ou de grupos falar mais alto se projetou no cenário nacional através do Azulão do Sul. Apesar de sua decadência, pra não se dizer extinção, ainda goza de alguns privilégios até hoje, graças ao que foi construído de 1988 a 1997.

Pois bem, amigo (a) leitor (a) que goste do esporte, especialmente do futebol, chegou a hora, vamos ficar mais uma vez omissos ou vamos gritar bem alto se queremos ou não futebol profissional em nossa cidade? E se optarmos pela existência que seja criado um projeto racional para a existência dessa equipe e se possível, independente do dinheiro público.

O que não dá é pra continuarmos sendo futebol de terceira e motivo de chacota.

 

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